Doença cardíaca considerada rara, a endocardite preocupa por ser fatal se não tratada cedo. 

Ela ocorre quando há uma infecção no endocárdio, uma das camadas do coração. Trata-se de uma infecção mais comum em homens com mais de 60 anos que já tenham algum problema cardíaco [1]. 

No texto a seguir vamos explicar o que é endocardite, como ela acontece, quais os tipos, riscos, sintomas e o tratamento. Confira!

O que é endocardite?

Endocardite é uma inflamação da membrana que reveste a parede interna do coração e as válvulas cardíacas. 

A parede cardíaca é formada por três diferentes camadas: miocárdio, pericárdio e endocárdio. O miocárdio é a camada do meio, ele é formado por células musculares cardíacas e é responsável pela capacidade de contração do coração.

O pericárdio é a camada externa, um saco fibro-seroso resistente que envolve o coração com a função de proteger a parte externa do músculo cardíaco.

Já o endocárdio é a camada interna, ele reveste as cavidades cardíacas atriais e ventriculares e as válvulas cardíacas.

A endocardite ocorre quando há uma invasão de microrganismos, como bactéria ou fungo, no endocárdio. Na maioria dos casos a infecção é causada por bactérias. 

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Como a endocardite acontece?  

A endocardite ocorre quando microrganismos como fungos e bactérias entram na corrente sanguínea e se fixam na membrana interna do coração, o endocárdio. 

Para que ela ocorra é preciso a combinação de alguns elementos, o primeiro é o contato do sangue com alguns tipos de bactérias ou fungos em quantidade grande, isso normalmente acontece quando as defesas naturais do organismo, por diversos motivos, falham.

O segundo elemento é haver uma predisposição do corpo para a instalação desses “invasores” no coração. Portanto, esta doença é mais incidente em pessoas que tenham áreas do revestimento interno do coração danificadas, como alterações nas valvas do coração (sejam elas naturais ou próteses).

Além das pessoas com problemas cardíacos pré-existentes, estão mais suscetíveis a ter essa doença pessoas imunodeprimidas, viciados em drogas injetáveis, pacientes com alguns tipos de câncer de intestino e pessoas que passem por procedimentos invasivos contaminados, como cirurgias. 

Outra forma que pode originar o problema é por meio de lesões na pele ou na boca, como gengivite. Essas feridas podem servir de porta de entrada para bactérias na corrente sanguínea. 

Pacientes que fazem uso prolongado de cateter intravenoso, utilizado para administração de terapias em pacientes com problemas graves de saúde, também correm maior risco de se infectar.

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Tipos de endocardite

A endocardite pode ser infecciosa ou não infecciosa. 

A endocardite é chamada de infecciosa quando é causada por bactérias ou fungos. A maioria dos casos são causados por bactérias provenientes de outras partes do corpo, como da boca ou da pele, que, em alta carga, entram na corrente sanguínea e se instalam no endocárdio.

A instalação e multiplicação dessas colônias pode obstruir a válvula cardíaca e causar dificuldade de bombear o sangue, dando um sinal de insuficiência cardíaca. 

A endocardite infecciosa ou bacteriana por ser:

  • Aguda – aparece de forma súbita, geralmente com febre alta,  frequência cardíaca acelerada, cansaço e dano extenso e rápido de uma válvula cardíaca. Esse tipo geralmente é causado pela bactéria Staphylococcus aureus.
  • Subaguda – os sintomas surgem de forma lenta e gradual. Alguns dos mais comuns são cansaço, febre baixa, aumento moderado da frequência cardíaca e perda de peso. 
  • Esta é uma doença mais rara, ela acontece quando coágulos sanguíneos fibrosos estéreis, ou seja, sem microrganismos, se formam nas válvulas cardíacas formando vegetações. 

    Esses coágulos podem se soltar dessas vegetações e migrar para outras partes do corpo por meio da corrente sanguínea, assim podem afetar órgãos distantes do coração. 

    Isso acontece em decorrência de doenças pré-existentes, como febre reumática, alguns tipos de câncer e traumas físicos. 

    A endocardite não-infecciosa tem o subtipo chamado endocardite de Libman-Sacks (eLS), que ocorre da mesma forma, mas acomete pacientes com lúpus eritematoso sistêmico. Esta doença é detectada por ecodopplercardiograma em 11% destes pacientes [2]

    Sintomas da endocardite

    Os sinais da endocardite costumam se manifestar aos poucos e são facilmente confundidos com outras doenças. Alguns deles são:

  • Febre noturna persistente;
  • Emagrecimento;
  • Calafrios;
  • Palidez;
  • Cansaço e falta de ar aos pequenos esforços;
  • Manchas nos olhos e na ponta dos dedos;
  • Novo sopro presente no coração;
  • Nódulos dolorosos sob a pele;
  • Pequenas manchas, como estrias, avermelhadas na pele e nos olhos;
  • Inchaço nos pés, mãos e abdômen.
  • A primeira manifestação da doença pode surgir também com a lesão de algum órgão distante, como um acidente vascular encefálico (AVC), insuficiência renal ou infarto do miocárdio. 

    Quais os riscos da endocardite?

    Quando se instalam nas válvulas cardíacas, as bactérias formam tecidos que podem crescer e causar deformações. Isso gera problemas no funcionamento do coração. 

    Também há o risco da colônia de microrganismos se desprender desta parte do corpo e circular por outras regiões causando problemas no funcionamento dos vasos sanguíneos, o que pode prejudicar a passagem de oxigênio e nutrientes em algumas partes do corpo, causando a morte de tecidos. Geralmente as necroses ocorrem nas extremidades, como pontas dos dedos das mãos e dos pés. 

    Além disso, quando espalhados pelo organismo, esses coágulos infectados podem afetar outros órgãos, como o cérebro, os rins e os pulmões, causando complicações sérias, como AVC e embolia pulmonar. 

    Como é feito o diagnóstico

     O diagnóstico da endocardite é realizado a partir da combinação de sintomas, análise clínica e resultado de exames. 

    Os principais são culturas de sangue, que mostram o crescimento da bactéria no sangue, e ecocardiograma, por meio do qual o médico conseguirá visualizar se há presença de vegetações nas válvulas cardíacas e danos no coração.

    Em algumas situações, o cardiologista pode pedir também ressonância magnética e/ou uma tomografia computadorizada.

    Trata-se de um diagnóstico complexo porque os sinais iniciais da doença podem ser confundidos com várias outras patologias. O uso de antibióticos sem um diagnóstico correto pode atrasar o desenvolvimento da doença, prejudicar a descoberta do real problema e ser fatal.[3]

    Tratamento

    A endocardite é tratada com antibióticos. Mediante a gravidade do problema, quando detectada o médico costuma solicitar a internação do paciente para aplicação intravenosa de doses elevadas de medicação e para um melhor monitoramento.

    Alguns casos podem requerer cirurgia para reparar ou substituir válvulas danificadas, drenar abscessos e/ou remover vegetações. 

    Como prevenir a endocardite?

    Como uma das formas de contaminação é por meio de infecções na boca, um dos métodos de prevenção é cuidado máximo com a saúde bucal. Além de escovar os dentes com frequência e passar fio dental para evitar a formação de placas bacterianas, é importante visitar o dentista regularmente.

    Quem é grupo de risco para a doença deve passar por alguns cuidados ainda maiores, como tomar antibióticos preventivos antes de procedimentos cirúrgicos para evitar infecções, conforme orientação do médico.

    Não usar drogas injetáveis e não fumar também são formas importantes de se proteger.

    Conclusão

    Em decorrência da alta taxa de mortalidade, 25%[4] e de procedimentos cirúrgicos, principalmente odontológicos, serem uma porta de entrada para as bactérias causadoras da doença, a endocardite exige que pessoas em grupo de risco tenham muitos cuidados.

    Portadores de próteses valvares, shunts ou condutos sistêmico-pulmonares, passado de endocardite e cardiopatia congênita cianótica complexa, principalmente, devem ter cuidado rigoroso com a higiene bucal e buscar orientação médica preventiva antes de realizar qualquer procedimento. 

    Outro cuidado importante para se proteger de qualquer tipo de doença é evitar o consumo de álcool, cigarro, ter hábitos alimentares saudáveis e praticar atividade física.

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    médica cuidando de paciente

    [1]

    https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/endocardite/endocardite-infecciosa

     [2]  https://www.scielo.br/pdf/rbr/v50n6/v50n6a10.pdf

    [3]  https://seucardio.com.br/endocardite-conhecer-e-prevenir/

    [4] http://www.incor.usp.br/conteudo-medico/geral/prevencao%20de%20endocardite%20infecciosa.html