Considerada uma doença rara e endêmica no Brasil, ou seja, com surtos esporádicos e em regiões específicas, a meningite preocupa as autoridades sanitárias pelo seu alto índice de letalidade, cerca de 20%. 

Embora possa atingir todas as idades, cerca de 30% dos casos são em crianças com menos de cinco anos, sendo mais incidente em bebês de até 12 meses.

Dependendo do tipo, essa doença pode ter sintomas bem leves, mas em casos graves costuma evoluir de forma muito rápida. Por isso, o tratamento na fase inicial é muito importante para a eficácia e para se evitar que ela deixe sequelas, como dano cerebral ou perda auditiva. 

O grande desafio para o diagnóstico precoce é que os primeiros sintomas podem ser muito semelhantes aos de doenças mais comuns, como a gripe. Mas com simples cuidados é possível se proteger dessa doença.

Veja a seguir o que é meningite, tipos da doença, tratamentos e quais as vacinas disponíveis no sistema público.

O que é meningite?

O cérebro e a medula espinhal são cobertos e protegidos por membranas chamadas meninges. A meningite ocorre quando há uma inflamação nas meninges. 

Existem vários tipos e subtipos da doença, ela pode ser viral, bacteriana ou fúngica. Cada tipo tem suas peculiaridades, causas e tratamentos diferentes. Mas os sintomas são semelhantes: febre, dor na nuca, mal-estar, calafrios, dores musculares no corpo, vômitos, erupções na pele e prostração. Em casos mais graves, podem surgir convulsões, delírios, tremores e coma.

Nos bebês é importante estar atento a sinais como moleira tensa ou elevada; gemido quando tocado; inquietação com choro agudo; rigidez corporal com movimentos involuntários ou moleza. 

Saiba mais sobre os principais tipos de meningite a seguir.

A meningite do tipo viral é a mais incidente. Por ser transmitida por vírus, sua forma de contaminação é em contato entre pessoas por gotículas de saliva e por via fecal-oral, que pode surgir a partir de alimentos ou objetos contaminados.

Ela é mais incidente no verão e entre crianças. É o tipo menos perigoso da doença e pode manifestar apenas sintomas leves.

Este é o segundo tipo mais incidente e é perigoso, podendo levar à morte. Sua transmissão é mais comum no inverno, porque, nesta época do ano, as pessoas costumam permanecer mais tempo aglomeradas em ambientes fechados.

A transmissão ocorre por meio de secreções respiratórias e da saliva, por isso, tosse e espirros estão entre os principais causadores de contágio. 

O principal subtipo desta infecção é a meningocócica, causada pela bactéria neisseria meningitidis, conhecida como meningococo. Essa bactéria tem diferentes sorotipos, como A, B, C, W e Y. 

As crianças de seis meses a um ano são as mais vulneráveis a esta doença, o que reforça a importância da vacinação. 

Esse é o tipo mais raro e com maior taxa de letalidade. Ele não é transmitido de pessoa para pessoa, ocorre por meio da inalação de fungos que vão parar nos pulmões e, após, migram em direção ao cérebro.

Os fungos causadores são o Cryptococcus e o Coccidioides. Esse tipo de contaminação ocorre com maior frequência em pacientes imunodeprimidos, como portadores do vírus HIV e pessoas com câncer.

Há também a meningite eosinofílica, ela é menos comum e transmitida após a ingestão de carne contaminada com o parasita Angiostrongylus Cantonensis, que infesta o caracol, a lesma, o caranguejo e o caramujo africano. 

Alimentos não higienizados da forma correta e contaminados pela secreção destes caramujos, podem ser fonte de transmissão da doença. 

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Como é feito o diagnóstico da doença?

De acordo com o Ministério da Saúde, os exames que detectam a meningite são:

  • Exame quimiocitológico do líquor
  • Bacterioscopia direta (líquor)
  • Cultura (líquor, sangue, petéquias ou fezes)
  • Contra-imuneletroforese cruzada – CIE (líquor e soro)
  • Aglutinação pelo látex (líquor e soro)
  • Dependendo do caso, o médico também pode solicitar um exame de raio-x e uma tomografia para analisar a extensão da infecção pelo corpo. 

    Qual o melhor tratamento para meningite?

    O tratamento indicado pelo médico dependerá do tipo de meningite e do estado de saúde do paciente. No caso da viral, por exemplo, na maioria dos casos o paciente tomará remédios para aliviar os sintomas ou nenhum até esperar a carga viral passar, após 7 a 10 dias.

    Para o caso bacteriano, são receitados antibióticos. Como a doença pode evoluir de forma muito rápida, o médico pode pedir a internação do paciente para que seus efeitos sejam contornados com mais agilidade. 

    O melhor tratamento para a meningite é a prevenção. Por isso, a vacinação faz parte do calendário obrigatório de imunização para crianças.

    Quais as vacinas para meningite disponíveis no sistema público?

    O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece imunizações importantes para a meningite, algumas específicas e outras com foco em doenças que também podem ocasionar essa a inflamação das meninges. Veja quais são:

    Vacina meningocócica C – Voltada ao sorotipo C, um dos mais incidentes no Brasil, faz parte do calendário obrigatório de imunizações e é aplicada em duas doses: aos três e aos cinco meses de idade, com outra dose de reforço quando a criança completa um ano.

    Vacina meningocócica ACWY – Passou a fazer parte do calendário nacional de imunizações em 2020. É destinada a crianças de 11 e 12 anos. 

    Vacina pneumocócica conjugada 10 valente – Essa não é específica para a meningite, mas protege os bebês de doenças causadas pela bactéria Streptococcus Pneumoniae, o que inclui a meningite. Ela é realizada em duas doses, uma aos dois meses e outra aos quatro meses.

    Também incluiu um reforço quando a criança completa um ano.

    Vacina BCG – protege contra a tuberculose e, portanto, também contra a meningite tuberculosa, que pode se desenvolver a partir desta doença. Esta é a primeira vacina de qualquer bebê, costuma ser feita ainda na maternidade nas primeiras doze horas de vida. 

    Vacina pentavalente – protege contra doenças invasivas causadas pela bactéria Haemophilus influenzae sorotipo b, o que inclui a meningite. 

    Vacina tríplice viral – As meningites virais podem ser causadas após complicações de doenças como caxumba, sarampo e rubéola. Como esta vacina protege contra estas três doenças, é importante também para prevenir a meningite.

    Quais as vacinas disponíveis na rede privada?

    Além das vacinas disponíveis no sistema público, na rede privada é possível fazer a ACWY nos primeiros anos da criança e está disponível a vacina meningocócica B.

    O sistema de imunização não faz parte do rol de procedimentos obrigatórios dos planos de saúde estabelecidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Mas algumas operadoras oferecem opções de vacina, para saber é preciso consultar o seu plano.

    Conclusão

    A melhor forma de se prevenir a meningite é por meio da vacinação e com cuidados com higiene e saúde. Como ela é mais incidente em crianças, isso requer que os pais ou responsáveis estejam sempre atentos ao calendário de vacinação e não deixem de comparecer ao posto de saúde.

    Vale lembrar que a imunização para os tipos mais comuns é oferecida pelo sistema público. Esta doença é muito preocupante, principalmente, em decorrência de sua rápida evolução e alto índice de letalidade. 

    Por isso, ao notar qualquer sintoma compatível, conforme explicado neste texto, é importante procurar imediatamente atendimento médico.

    Para conter a proliferação da doença, também é importante que pais evitem levar os pequenos para a escola ou para a creche quando estiverem com febre, tosse ou espirros. Crianças muito pequenas não têm os cuidados necessários e, portanto, o índice de contágio nesta faixa etária é muito alto.

    Quando identificado um caso de meningite, é preciso que autoridades sanitárias do município e as pessoas com quem o infectado teve contado sejam avisados imediatamente.

    Gostou de saber mais sobre a meningite? Lembre-se, caso esteja pensando em adquirir ou trocar de plano de saúde, fale com nossos especialistas! 

    médica e paciente sorrindo e se olhando