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Saúde & Bem Estar

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Amamentação: dicas para não sentir dor ao amamentar

Marcus Renato de Carvalho

Por Marcus Renato de Carvalho

Pediatra - CRM-RJ 396770

A amamentação possui muitas vantagens, tanto para o bebê quanto para a mulher. A prática ajuda a inibir a anemia, o câncer do aparelho reprodutivo, a osteoporose e até mesmo no emagrecimento. Além de ser um alimento perfeito, o leite materno é um imunomodulador com glóbulos brancos e probióticos, protegendo contra infecções e alergias.

Recebo muitas nutrizes sofrendo para amamentar, com queixas de dores, fissuras nos mamilos e reclamando que não é tão fácil quanto aparentam os cartazes promocionais. Chateadas porque não foram avisadas de todas essas dificuldades, também reclamam que os profissionais não dão recomendações de alívio ou prescrevem orientações desencontradas.

Ouço esses desabafos com pesar, pois há 37 anos atendo mães e bebês em fase de amamentação. É por isso que afirmo que esses percalços podem não acontecer se mães, pais e seus familiares próximos receberem informações atualizadas.

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Amamentar não é “automático”

A amamentação parece um ato simples, mas é um fenômeno psicossomático complexo, com variáveis socioculturais determinantes. Amamentar não é instintivo ou uma fatalidade biológica como nos outros mamíferos.

Há uma preocupação excessiva com a compra de enxoval e equipamentos infantis, uma moda de ir ao exterior para comprar tudo o que o bebê “precisa”. Se gasta uma pequena fortuna, mas se descuida do mais importante: o preparo da nossa “cabeça” com informação atualizada, intercâmbio de experiências com mulheres mais experientes, livros interessantes e sites de referência.

Acessórios são desnecessários

Nós somos animais mais complicados e inventamos “leite fraco”, “pouco leite”, mamadeiras, chupetas, intermediários de silicone, bicos de prata, pomadas, protetores de mamas, conchas, almofadas, sutiãs e mais uma série de produtos dispensáveis.

Fora isso, existem também as drogas para aumentar a produção de leite que, na maioria das vezes, não são necessárias e causam efeitos colaterais na mulher e no bebê.

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Vamos nos preparar?

Recomendo aos futuros pais conversarem com consultores de lactação certificados (IBCLC), pediatras, obstetras, enfermeiras, nutricionistas, fonoaudiólogas e psicólogos perinatais. Enfim, busque sempre por profissionais que estejam atualizados em manejo clínico da amamentação.

Inscreva-se junto com seu companheiro em um curso de preparação para o parto e marque uma consulta pediátrica pré-natal com os familiares mais próximos. Envolva aqueles que irão te ajudar ou opinar sobre os cuidados, pois não adianta ir só a gestante.

Saiba mais: Cuidados com a Saúde da Mulher

A puericultura mudou muito

As recomendações sobre amamentação nas últimas décadas sofreram mudanças substanciais devido ao avanço das evidências científicas. Atualmente, a amamentação deve ser exclusiva até os seis meses, sem águas, chás e sucos.

Não oferecemos mais mamadeiras e chupetas ou não utilizamos cronômetros para controlar o tempo das mamadas. Os mamilos e aréolas não são mais preparados passando buchas, pegando sol, fazendo exercícios mamilares e aplicando pomadas.

Não liberamos as narinas com a mão em tesoura na mama, já que mesmo com o nariz encostado no peito o lactente consegue mamar bem. O bebê deve abocanhar não só o mamilo, mas grande parte da aréola para que ele consiga extrair o leite e a lactante não sinta dor.

Do peito à comida caseira – saúde a vida inteira

A partir dos seis meses de vida, podemos introduzir refeições com legumes, cereais, carnes e frutas, mas não damos outros leites e usamos copinhos e colheres. Muitos governos e empresas já garantem a licença-maternidade de seis meses, permitindo que a amamentação exclusiva se prolongue o máximo possível e prossiga até os dois anos ou mais.

Garantindo o desenvolvimento do seu bebê desde o primeiro dia

Já temos bem estabelecidas as múltiplas vantagens do leite materno e da amamentação para as mulheres e para os bebês, benefícios que se prolongam por toda a vida. A prática para o bebê previne doenças crônico-degenerativas, alergias na idade adulta e não só infecções como supúnhamos até recentemente.

Além disso, ao simultaneamente ordenhar o leite, deglutir e respirar, o lactente realiza movimentos que estimulam o crescimento harmonioso das estruturas da face, estimulando o desenvolvimento orofacial. Ao nascer, o bebê tem a mandíbula muito pequena, que irá alcançar um tamanho equilibrado em relação à maxila ao ter seu crescimento estimulado pela sucção da mama. 

Maxilares melhor desenvolvidos propiciarão um melhor alinhamento da dentição, diminuindo a necessidade futura do uso de aparelhos ortodônticos, enquanto os músculos firmes ajudarão na fala. Durante a amamentação, aprende-se a respirar corretamente pelo nariz, evitando amigdalite, pneumonias, entre outras doenças, como as cáries.

Vale a pena esse investimento de tempo e de um pouco de recursos para que os novos pais façam essa viagem inédita para esse lugar fantástico – a maternidade e a paternidade prazerosa e consciente.

Leia também: Marcos do desenvolvimento neuropsicomotor no primeiro ano do bebê

Referências

1. World Health Organization (WHO) - Amamentação: Dicas para evitar a dor durante a amamentação

2. American Academy of Pediatrics (AAP) - Amamentação: Dicas para evitar a dor durante a amamentação

3. Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)- Amamentação: Dicas para evitar a dor durante a amamentação.

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Quem escreve

Marcus Renato de Carvalho

Pediatra - CRM-RJ 396770

Marcus Renato de Carvalho é pediatra, especialista em amamentação pelo International Board Certified Lactation Consultant e editor do portal aleitamento.com. Além disso, foi editor do livro "Amamentação - bases científicas", lançado pela editora GEN.