Apesar dos hospitais privados corresponderem a um número representativo de atendimentos no Brasil, a maioria ainda são realizados no Sistema Único de saúde (SUS), já que grande parte dos brasileiros não pode pagar por atendimentos privados ou planos de saúde. Apesar de ser um desejo da população, 70% alegam não ter convênio médico, fazendo do SUS a única saída.
Apesar do cenário, o setor de internações hospitalares faturou R$83,7 bilhões apenas no ano de 2018. No caso dos hospitais privados, 82% das operações são pagas por planos de saúde. No entanto, os locais de atendimento sentiram a queda de compras no setor, o que fez com que, até o ano de 2018, o número de hospitais particulares tivesse uma retração de 8,9%.
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O serviço público no Brasil
O número total de repasses para saúde feito pelo governo em 2019 foi de R$86,86 bilhões até o momento, sendo que este dinheiro não é apenas destinado aos hospitais, mas á todas as ações voltadas para a área. Os problemas que o SUS enfrenta são os mesmos de sempre: falta de infraestrutura devido a poucos investimentos e dificuldade nos repasses.
O Brasil conta com 5530 hospitais públicos, sendo que a maioria fica concentrado na região nordeste, com 2011 locais de atendimento, enquanto o que oferece menor número é o centro-oeste, com 571 postos públicos. Apesar dos problemas no suporte, os hospitais públicos cresceram, ao mesmo tempo em que os particulares tiveram uma queda.
Entre 2010 e 2018 a queda de hospitais particulares foi de 8,9%, enquanto os hospitais públicos tiveram um acréscimo em 7,6%. Isso não quer dizer que o atendimento tenha chegado ao patamar desejado, já que o que realmente impacta na qualidade do serviço é o número de leitos disponíveis.
Apesar de disponibilizar 161.952 leitos no serviço público, a quantidade de pessoas que o utilizam é de cerca de 70% da população. Apesar de não haver um número oficial, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o número de leitos para cada 1000 habitantes seja de 3,2.
No sistema público de saúde brasileiro, este número é de 0,86 para cada 1000 habitantes, causando lotação nos hospitais e dificuldades no atendimento. As regiões com melhores estatísticas são o norte e o nordeste, sendo que a primeira possui menos hospitais públicos. Ambos possuem uma média de 1,1 leitos para cada 1000 habitantes, enquanto o sudeste, devido à maior densidade demográfica, possui uma média de 0,72.
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Apesar do nordeste apresentar o maior número de hospitais, seguido pelo sudeste, é preciso se atentar ao fato de que o primeiro possui mais unidades federativas. Se olharmos para o cenário estadual, grande parte dos hospitais públicos concentram-se em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Dentre os serviços hospitalares mais procurados estão:
- Hospital dia: local para procedimentos clínicos e cirúrgicos no qual o paciente pode ficar internado por até 12 horas;
- Hospital geral: hospitais de grande porte que atendem diversas especialidades e possuem maior estrutura para internações;
- Hospital especializado: hospitais com serviço de internação completo, mas apenas para uma especialidade.
No panorama do serviço público, o Sudeste concentra a maior parte dos hospitais gerais, especializados e diários, com números de 1686, 358 e 310, respectivamente. O norte é o que possui os menores números, com apenas 453 hospitais gerais, 24 diários e 71 especializados, para atender uma população de 15,8 milhões de pessoas.
Hospitais públicos premiados
A acreditação ONA avalia, através de padrões pré-definidos, a qualidade e segurança dos estabelecimentos de saúde. Para conseguir a certificação, é preciso atender no mínimo 70% dos requisitos, que vão desde a qualidade do serviço à infraestrutura oferecida.
No Brasil, apenas 16,2% dos hospitais públicos, o que corresponde a 43 locais de atendimento, possuem a certificação da Organização Nacional de Acreditação. Para efeitos comparativos, 83,08% dos hospitais privados conseguiram a certificação, representando um número de 211. Aqui estão alguns dos hospitais brasileiros com certificado de excelência:
A distribuição dos hospitais públicos de excelência não é nem um pouco homogênea, sendo que, de 43 locais, 29 estão concentrados na região sudeste. Não só isso, mas, desses 29 hospitais, 24 estão no estado de São Paulo, seguido por Minas Gerais, com apenas um hospital, e Rio de Janeiro, com dois postos de atendimento.
Em segundo lugar, estão empatadas as regiões centro-oeste e nordeste, com apenas quatro hospitais certificados. Destes locais, os da região centro-oeste estão todos em Goiás, enquanto, no nordeste, dois estão no Ceará, um na Bahia e um na Paraíba.
Lembrando que a certificação ONA não é obrigatória, mas uma decisão voluntária do hospital. De qualquer maneira, é uma forma de disseminar que, apesar das dificuldades do sistema público de saúde, ainda existem instituições de qualidade que merecem reconhecimento por seu trabalho.
O serviço privado no Brasil
Os hospitais privados podem ter naturezas diferentes, ou seja, ser com ou sem fins lucrativos. Isso significa que, no primeiro caso, é preciso o pagamento direto ou ser cliente de um plano de saúde para conseguir atendimento. Já o segundo é o que chamamos de hospital filantrópico, que também são instituições privadas, mas contratadas pelo sistema público para prestar atendimento ao SUS.
Neste momento, enquanto os hospitais públicos crescem, observa-se um ligeiro encolhimento na rede privada, tanto em postos de atendimento quanto em número de leitos. No ano de 2018, os hospitais privados tiveram uma redução de 8,9%, enquanto o número de leitos caiu 10,6%.
Ainda assim, essas instituições conseguem oferecer atendimento rápido, mais confortável e sem as temidas filas de espera. Mas isso envolve uma série de fatores, como melhor gestão e administração, além de um número de pacientes muito menor, visto que apenas 30% da população possui planos de saúde e poucos podem pagar por uma internação particular.
Dos hospitais privados, 41,4% estão na região sudeste e, destes, 57,8% são locais com fins lucrativos. Os estados que apresentam o maior número de postos para atendimento são São Paulo e Minas Gerais.
Com a maior quantidade de hospitais, a distribuição no sudeste também não se mostra homogênea, sendo que, dos 1821 hospitais da região, 858 estão concentrados no estado de São Paulo. Dentre os outros estados, temos maiores concentrações em Minas Gerais, Bahia, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Apesar disso, o serviço consegue atender bem os seus clientes já que, na maioria dos estados, a porcentagem de beneficiários de planos de saúde é menor que a de hospitais oferecidos. O contrário é observado apenas no sudeste, que comporta 61,3% dos beneficiários dos convênios, enquanto a oferta de hospitais privados é de 41,4%.
Outro ponto importante é que as especialidades de hospitais na rede privada parecem um pouco mais homogêneas se compararmos com a pública. Desta forma, hospitais gerais, que atendem uma série de especialidades, totalizam 68,7% do atendimento. Enquanto isso, hospitais diários são 22% e os especializados 22,9%, lembrando que este último é uma grande carência no SUS.
Com relação ao número de leitos, os hospitais privados oferecem uma grande quantidade, além de possuírem menos pacientes. No ano de 2010, a quantidade de leitos para cada 1000 habitantes era de 2,28 leitos, próximo do número que a ANS recomenda que é de 3,2. Atualmente, o sistema privado de saúde oferece um número menor, de 1,96 para cada 1000 habitantes.
A única região que apresenta mais beneficiários em relação ao serviço oferecido também é o sudeste, com uma proporção de 46% dos leitos para 61% dos beneficiários. Nos demais estados, a quantidade de leitos supera a de clientes de planos de saúde, sendo que a região norte apresenta apenas 4,2% dos leitos de planos privados, mas também a taxa mais baixa de beneficiários.
Para efeitos comparativos, o sistema privado oferece uma quantidade de 264.009 leitos em todo o país. Enquanto isso, a rede pública possui 161.952, o que significa que são 102.057 leitos a menos para uma quantidade maior de pacientes.
Hospitais privados premiados
Existem três acreditações que os hospitais privados almejam para serem reconhecidos por sua excelência. A Joint Commission International, Accreditation Canada International e National Integrated Accreditation for Healthcare Organizations são, atualmente, os prêmios mais cobiçados do setor hospitalar privado.
Dentre os parâmetros exigidos por todas elas, cada um com pesos diferentes, estão a segurança do paciente, gerenciamento, atendimento humanitário, processos administrativos e prestígio na comunidade médica. No Brasil existem 29 hospitais com acreditação da Joint Commission International, sendo a maioria na região sudeste.
São Paulo concentra a maior parte de instituições de excelência, com 58,62% dos hospitais internacionalmente reconhecidos. Em seguida temos a região sul com quatro hospitais, três localizados no Rio Grande do Sul e um em Santa Catarina. O nordeste possui apenas um hospital, no estado de Pernambuco.
Dentre todos os órgãos de acreditação, o mais cobiçado e que garante mais prestígio ao hospital é o selo Joint Commission International. O primeiro hospital a conquistá-lo foi o Albert Einstein, sendo que, após a primeira iso, recebeu a certificação por outros dez anos.
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Apesar de cerca de 8% do PIB ser direcionado para a saúde, os sistemas público e privado ainda apresentam uma série de problemas. Além disso, existe uma distribuição desigual de postos de atendimento, com grande oferta em regiões como o sudeste e uma certa precariedade ao norte.
A solução parece ser simples, garantir que os repasses estão sendo feitos da maneira correta e investir em uma gestão hospitalar mais eficaz. Desta forma, o tão desejado atendimento de qualidade para toda a população ficará cada vez mais próximo da realidade.
Referências
[1] Cenário dos hospitais no Brasil - 2019
[2] DATASUS
[3] Número de leitos hospitalares (SUS) por habitante
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Quem escreve
Redatora jornalística
Sou formada em jornalismo e, apesar do romantismo pelas antigas redações, minha praia sempre foi a internet. Há mais de um ano trabalhando com produção de conteúdo voltado para área de saúde, acredito que informação pode ser empoderadora e realmente oferecer uma experiência de compra diferenciada. Hoje integro a equipe de conteúdo da Zelas Saúde, onde estamos a passos largos mudando a relação do mercado com seus consumidores.