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Saúde & Bem Estar

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Tudo o que você precisa saber sobre doação de sangue

Quando uma transfusão sanguínea é indicada, não existe nenhum procedimento médico ou medicamento que possa substituí-la. Desta forma, garantir que os estoques de sangue estejam sempre abastecidos é a melhor maneira de salvar vidas.

Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde em 2019, o percentual da população brasileira que doou sangue é de 1,6%, algo dentro dos parâmetros preconizados de 1% a 3%. Entretanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece que uma boa taxa de doação gira em torno dos 5%, desta forma, o Brasil estaria muito abaixo da meta que a organização deseja.

Baixe o e-book em PDF: Doação de sangue: cuidados e restrições para o doador

Quais são as campanhas para incentivar a doação de sangue?

Dia 14 de junho é conhecido como o Dia Mundial do Doador de Sangue, enquanto 25 de novembro é celebrado o Dia do Doador Voluntário de Sangue, campanhas realizadas para conscientizar e incentivar as doações. Percebe-se uma baixa nos estoques brasileiros nestes períodos do ano, possivelmente motivadas pela mudança de estação.

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Um estudo realizado pela OPAS (Organização Pan Americana de Saúde), órgão derivado da OMS na América Latina, compara os doadores brasileiros com relação aos países vizinhos. Segundo a pesquisa, 59,52% dos doadores brasileiros são voluntários, ou seja, doam com frequência sem se preocupar quem é o receptor. Em Cuba e na Nicarágua, a taxa alcança 100%, enquanto na Colômbia chega a 84,38% e na Costa Rica, 65,74%.

Qual é a importância dos doadores voluntários?

Os chamados doadores de reposição, aqueles que doam em casos de emergência para parentes, amigos e familiares, representam 40,48%. Vale lembrar que em alguns países da América Latina a doação de sangue é paga, prática proibida por constituição no Brasil desde 1988, algo que pode estar influenciando na disparidade nos dados entre doadores voluntários e de reposição.

Os doadores de reposição são muito bem-vindos, porém estudos mostram que o sangue de doadores voluntários apresenta menor índice de bloqueio por doenças transmissíveis. Uma das possíveis explicações seria que o indivíduo, na ânsia de repor o sangue para um amigo ou familiar, acabaria omitindo informações importantes no momento da triagem.

Quais são os requisitos para doar sangue?

Para garantir a integridade dos receptores, o processo de doação de sangue é regido por leis nacionais e internacionais que evitam ao máximo o risco de contaminação. Alguns dos requisitos básicos são:

  • Estar em boas condições de saúde;
  • Ter entre 16 e 69 anos;
  • Pesar no mínimo 50kg;
  • Ter dormido ao menos 6 horas antes da doação;
  • Evitar alimentos quatro horas antes da doação;
  • Não esquecer de apresentar um documento original com foto.

Quem não pode doar sangue?

Assim como tem o poder de salvar, uma doação de sangue contaminado pode piorar o quadro do paciente. Desta forma, confira em quais condições não é possível doar sangue, mesmo em casos de reposição.

Nunca podem doar

Pacientes com as seguintes condições não podem doar sangue em nenhuma circunstância, sendo que a doação pode representar risco para o paciente ou para si próprio. Geralmente, apresentam doenças altamente contagiosas ou podem ser imunossuprimidos. 

  • Portadores de HIV;
  • Teve Doença de Chagas;
  • Teve Hepatite após os 10 anos de idade;
  • Teve malária;
  • Recebeu enxerto de Duramater;
  • Tem ou teve câncer;
  • Tem problemas no pulmão, coração, rins ou fígado;
  • Tem problemas de coagulação;
  • Diabéticos dependentes de insulina;
  • Já teve Calazar;
  • Teve Elefantíase;
  • Teve Hanseníase;
  • Teve Brucelose;
  • Teve esquistossomose;
  • Possui doença de imputabilidade jurídica;
  • Já realizou algum tipo de transplante. 

Impedimento de cinco anos

Pacientes que foram curados de tuberculose pulmonar devem aguardar ao menos cinco anos antes de realizar uma doação de sangue. Após ser uma doença grave, após o período não apresenta mais risco para o receptor.

Impedimento de um ano

Para garantir a integridade do receptor, doadores com as seguintes condições devem aguardar o período de janela imunológica para se certificar que podem realizar a doação. O período é para garantir que o doador está apto mesmo tendo sido exposto a uma situação de risco.

  • Recebeu transfusão de sangue;
  • Teve relações sexuais nos últimos 12 meses com alguém que recebeu transfusão;
  • Entrou em contato acidentalmente com o sangue de outra pessoa;
  • Utilizou ou se acidentou com a agulha utilizada por outros;
  • Recebeu enxerto de pele;
  • Teve contato sexual com portadores de Hepatite, HIV ou AIDS;
  • Teve relações sexuais de risco;
  • Foi detido por mais de 72 horas;
  • Teve Sífilis ou Gonorreia.

Impedimento de seis meses à um ano

Para descobrir a integridade do sangue do doador é necessário aguardar de um ano à seis meses para que seja realizada a doação. Geralmente também são casos nos quais o doador pode ter se exposto à algum risco de contaminação.

  • Fez piercings, tatuagem ou maquiagem definitiva;
  • Teve toxoplasmose recentemente;
  • Realizou exames endoscópicos e artroscópicos;
  • Realizou cirurgia de grande ou médio porte.

Impedimento de três meses

Se você realizou algum destes procedimentos recentemente é preciso avisar os funcionários do banco de sangue que irão recomendar um período de espera de até três meses.

  • Apendicectomia;
  • Hemorroidectomia;
  • Hernioplastia;
  • Ressecção de varizes;
  • Amigdalectomia.

Impedimento de um mês

Se você passou por algum dos procedimentos a seguir, é recomendável que aguarde até um mês antes de realizar uma doação. Isso ocorre pois os possíveis vírus ou bactérias no seu organismo deve ser expelidos totalmente antes da doação.

  • Recebeu vacinas com vírus ou bactérias atenuados;
  • Realizou cirurgia odontológica com anestesia geral;
  • Recebeu soro antitetânico.

Impedimento por três semanas   

Se você curou-se recentemente de doenças como caxumba ou catapora, deve aguardar um período de três semanas antes de doar sangue. O tempo de espera serve não só para garantir a integridade do receptor, mas também esperar o tempo necessário para que o organismo do doador se recupere.

Impedimento por duas semanas

Caso tenha tido uma dessas doenças, é necessário aguardar um período de duas semanas para recuperação do organismo. Além disso, é preciso se certificar que resquícios de vírus ou bactérias e, até mesmo, dos antibióticos ingeridos tenham sido eliminados.

  • Erisipela;
  • Tratamento para infecções bacterianas;
  • Rubéola.

Impedimento de uma semana

O período de uma semana é para aqueles que tiveram algum tipo de infecção ou indisposição leve que são curadas rapidamente e apresentam risco mínimo de contágio. O período é para garantir que o doador não terá nenhum problema durante o processo de retirada do sangue.

  • Diarreia;
  • Gripe;
  • Resfriado;
  • Extração dentária;
  • Tratamento dentário;
  • Conjuntivite.

Impedimento de dois dias 

O período é específico para que pacientes que tomaram vacinas com vírus não atenuados possam eliminá-lo do organismo. Lembre-se que para um paciente imunossuprimido, a contaminação viral pode significar uma piora significativa no quadro.

  • Vacinas com vírus ou bactérias inativadas;
  • Vacina contra a gripe.

Quais são os cuidados necessários após a doação de sangue?

A doação de sangue é um processo simples, mas exige alguns cuidados após o procedimento para garantir que a sua recuperação seja cada vez mais rápida.

  • Evite cigarro e bebidas alcoólicas por até 12 horas;
  • Mantenha o curativo por até quatro horas;
  • Evite esforço físico por até 12 horas;
  • Beba bastante líquido;
  • Permaneça sentado por até 15 minutos após o fim do processo;
  • Coma o lanche que é oferecido após a doação;
  • Se sentir algum mal-estar, sente-se e coloque a cabeça entre os joelhos.

Doar sangue é um processo simples, mas que pode salvar muitas vidas. Precisa de mais detalhes? Então confira o e-book realizado pela equipe da Zelas Saúde e já agende a sua próxima doação.

Referências

[1] Triagem clínica de doadores de sangue

[2] Sociedade Brasileira de Diabetes

[3] Fundação Hemominas

[4] Esquistossomose mansônica: diagnóstico, tratamento, epidemiologia, profilaxia e controle

[5] Leishmaniose visceral no Brasil: quadro atual, desafios e perspectivas

[6] Eventos adversos de vacinas e as consequências da não vacinação: uma análise crítica

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Quem escreve

Fernanda de Oliveira Santos

Graduada em medicina na Universidade de Medicina da USP no ano de 1999, a Dra. Fernanda possui especialização em hematologia e hemoterapia. Atualmente, atende como médica hematologista nas hospitais AC Camargo e 9 de Julho.