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Doenças

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Tudo o que você precisa saber sobre câncer de próstata

Nathalia Viana e Silva

Por Nathalia Viana e Silva

Clínica médica - CRM-SP 166122 / RQE nº 67831

O câncer de próstata, ou carcinoma da próstata, é considerada uma doença comum entre os homens, tendo mais de 2 milhões de casos por ano, apenas no Brasil. Com uma boa perspectiva de tratamento e cura, o sucesso para combater este câncer é bem relacionado ao seu diagnóstico precoce.

No entanto, com muito preconceito envolvido, e mesmo após a criação da campanha do Novembro Azul, a taxa de homens que buscam o exame de toque retal (exame essencial para diagnosticar a doença) é muito baixo. Para saber mais sobre o câncer de próstata e tirar todas as suas dúvidas, acompanhe:

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O que é câncer de próstata?

Como o próprio nome já diz, este é um câncer que ocorre na próstata, uma glândula em formato de noz que se localiza abaixo da bexiga masculina, em frente ao reto. Ela é a responsável pela produção do líquido seminal. 

O câncer de próstata é a segunda neoplasia mais comum no homem, ficando atrás apenas do câncer de pulmão. Dados do GLOBOCAN apontam cerca de 1.276.106 novos casos e uma mortalidade de 358.989 homens, no mundo, em 2018. No Brasil, dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), de 2018, estimaram 68.220 casos novos.

Tipos de câncer de próstata

O câncer de próstata pode ser dividido em 5 categorias, que podem ter subdivisões. Estas são:

  • Adenocarcinoma;
  • Sarcoma;
  • Tumor neuroendócrino;
  • Carcinoma de pequenas células;
  • Carcinoma de células de transição.

O tipo mais frequente é o adenocarcinoma (95% casos), que se desenvolve a partir do tecido glandular da próstata. Na maior parte dos casos, o câncer é acinar, mas é possível encontrar padrão ductal, mucinoso e em anel de sinete. Ainda, nos outros 5% dos casos, podemos encontrar as histologias, que são tumores de pequenas células, neuroendócrinos, sarcomas e carcinomas transicionais.

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Além dos tipos de câncer, ainda é possível avaliar a sua intensidade através do exame anatomopatológico, no qual é definida a classificação Gleason. Essa nota identifica o grau de diferenciação do tecido da próstata, contribuindo para estratificar o paciente e o comportamento da doença.

Causas e fatores

São fatores de risco para o câncer de próstata: 

  • Idade avançada;
  • Histórico familiar;
  • Fatores genéticos;
  • Raça negra (risco 76% maior);
  • Estilo de vida sedentário;
  • Obesidade;
  • Alimentação inadequada;
  • Exposição ao Agente Laranja (agrotóxico utilizado na lavoura).

Além disso, o elevado consumo de laticínios e carne vermelha predispõe ao desenvolvimento do câncer, assim como o baixo consumo de vegetais e frutas. O tabaco, neste caso, também parece influenciar no desenvolvimento de cânceres mais agressivos.

Pacientes com um parente de primeiro grau (pai ou filho) com câncer de próstata tem duas vezes mais chance de desenvolver a doença, ainda mais se o membro da família for jovem (menor de 50 anos).

Público de risco x características genéticas

Um dos maiores fatores de risco para a aparição da doença é a idade. Assim, o público que mais com incidência mais alta é de pacientes idosos. Assim, cerca de três quartos dos casos ocorrem a partir dos 65 anos de idade. Além disso, a questão genética também influencia muito na aparição do câncer.

As mutações somáticas dos genes de reparo do DNA podem acontecer em 19% dos tumores. Nos pacientes com histórico familiar positivo, podemos identificar mutações herdadas do BRCA 1 e BRCA2, que também estão relacionados ao câncer de mama e ovário; Gene ATM; Síndrome de Lynch e instabilidade de microssatélites. Esses pacientes, acabam se tornando de maior risco para o desenvolvimento da neoplasia.

Faixa etária de risco

O câncer de próstata é bastante raro em homens com menos de 40 anos. A incidência, assim como os casos com mortalidade, aumentam após os 50 anos, mas cerca de 60% dos casos ocorrem em homens com mais de 65 anos.

Quais são os sintomas do câncer de próstata?

Para tumores iniciais, a grande maioria dos casos é assintomática, isso porque os tumores costumam ocorrer na parte da periferia da glândula, mantendo menor contato com a uretra. Nos casos mais avançados, com o acometimento de outros órgãos, podemos encontrar sintomas como:

  • Sangramento na urina, ou associado ao esperma;
  • Alterações urinárias;
  • Quadro de dor em quadril;
  • Dor óssea;
  • Perda de peso;
  • Fraqueza;
  • Fadiga;
  • Anemia;
  • Problemas renais;
  • Incontinência urinária.

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Quais são os sinais precoces da doença?

Para muitos pacientes, a suspeita inicial da doença se dá pelo aumento do PSA (antígeno prostático específico) através de exames de rotina. Apesar de não haver nenhuma definição sobre o momento adequado para a dosagem do PSA, muitos pacientes, após dosagem alterada, passam a investigar o quadro e se deparam com doenças benignas e, até mesmo, o câncer de próstata. Isso acontece pois o PSA não é exclusivo do câncer. 

Além de observar o  PSA, é importante ficar atento e investigar em caso de qualquer alteração da urina ou prostática, como:

  • Dificuldade de esvaziamento da bexiga;
  • Sensação de esvaziamento incompleto; 
  • Enfraquecimento do jato;
  • Urgência para urinar;
  • Número elevado de micções no período noturno.

Como é diagnosticado o câncer de próstata?

Os testes para diagnóstico de neoplasia de próstata incluem:

  • Exame de toque retal: avaliação local com o exame de toque retal no qual, durante o exame, o médico calçado de luvas insere o dedo indicador com um lubrificante no reto, a fim de examinar a próstata, que é muito próxima ao reto. Caso haja alguma alteração na textura, tamanho ou estimativa de peso, pode solicitar complementar a investigação.;
  • Exame de PSA: é solicitada a dosagem de PSA, que é feita através da análise de sangue coletado. O PSA é uma substância que varia de acordo com a idade e aumento do volume da glândula. Como é produzida pela próstata, quando elevada pode indicar infecções da glândula, hiperplasia prostática ou câncer. 

Após os exames citados, o diagnóstico de certeza se dá pela biópsia prostática. Outros exames que podem ser necessários para o diagnóstico, são o ultrassom retal e a ressonância magnética prostática.

Fases do câncer de próstata

O câncer de próstata, deve ser classificado em grupo de risco de recorrência com base nos seguintes fatores:

  • Tumor;
  • Localização;
  • Nível do PSA inicial;
  • Extensão. 

O tumor é avaliado pela letra T, enquanto N representa o número e quais linfonodos foram acometidos e M corresponde a metástases. A partir destes dados, do nível de PSA e grau histológico, os tumores são classificados de I a IV, sendo estádio I o mais precoce, com doença localizada e o estádio IV, um tipo de doença mais avançada, que costuma não estar mais restrita à próstata e à linfonodos.

Ainda, para saber da extensão da doença, pode ser necessário fazer os seguintes exames:

  • Tomografias de estadiamento de tórax, abdome e pelve; 
  • Cintilografia óssea; 
  • Ressonância magnética prostática;
  • PET/PSMA. 

Quais são os tratamentos de câncer de próstata?

O tratamento deve ser individualizado e pode variar conforme o comportamento da doença, PSA inicial, idade do paciente e número de comorbidades. Estágios mais precoces, em pacientes idosos, com outras doenças e neoplasia prostática indolente, podem ficar em observação desde que tenham um acompanhamento médico próximo. 

Enquanto isso, outros pacientes deverão se beneficiar mais de uma abordagem com cirurgia ou radioterapia da glândula, associada, ou não, ao bloqueio de hormônios concomitantes. 

Mesmo assim, após o tratamento podemos ver que o PSA pode se elevar e, neste cenário, podemos tratar o paciente com bloqueio hormonal. Caso haja uma resistência aos bloqueadores de hormônio, pode ser necessária a troca dos mesmos ou lançar mão de outros recursos. Em casos em que a doença já está avançada, o uso de quimioterapia, quando há um acometimento mais extenso (ex. fígado), pode ser necessária. 

Hoje, com a medicina personalizada, ao identificarmos uma determinada mutação ou gene, no cenário de doença avançada, podemos utilizar drogas-alvo, ou seja, que atuam sobre essas mutações ou defeitos gênicos. Este é o caso dos inibidores da PARP (relacionados ao BRCA) ou mesmo da imunoterapia (com agentes anti-PD-L1, nos casos de Instabilidade de Microssatélites), que estudos de fase II sugerem benefício para esses pacientes.

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Taxas de sobrevivência 

Em pacientes com doença localizada na próstata (Estágios I a III agrupados), costumam ter uma sobrevida em torno de 80-85% em 5 anos. Entretanto, pacientes com cânceres em estádio IV, costumam apresentar uma sobrevida em 5 anos em 30%. Por isso mesmo, destacamos a grande importância do diagnóstico precoce.

Como prevenir o câncer de próstata?

Alguns estudos sugerem benefício da vitamina E e do selênio, como suplementação para evitar o câncer de próstata. Além disso, alguns estudos apontam para os inibidores da 5-alfa redutase (finasterida ou dutasterida) como possíveis protetores do câncer de próstata. 

Contudo, ainda hoje, a manutenção de hábitos de vida saudáveis, com dieta pobre em gordura e cálcio e exercícios físicos ainda impactam positivamente na prevenção deste câncer. 

Referências:

[1] Bray, F.  et al. Global cancer statistics 2018: GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA: A Cancer Journal for Clinicians. Volume 68, Issue 6. First published: 12 September 2018.

[2] Mayo Clinic - Prostate cancer

[3] American Cancer Society - What is Prostate Cancer?

[4] Oncolex - Histology of prostate cancer

[5] Prostate Cancer Foundation - Prostate Cancer Risk Factors

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Quem escreve

Nathalia Viana e Silva

Clínica médica - CRM-SP 166122 / RQE nº 67831

Com uma visão humanizada do tratamento do paciente, utilizando a interdisciplinaridade no tratamento do câncer, a Dra. Nathalia atua como assistente médica no Hospital Israelita Albert Einstein, mas também já passou por hospitais como o São Luiz e Santa Cruz.