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Saúde & Bem Estar

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Saúde da mulher: a importância do cuidado preventivo

Luiza Isper Rodrigues Barnabe

Por Luiza Isper Rodrigues Barnabe

Obstetrícia e Ginecologia - CRM-SP 182845

O cuidado com a saúde da mulher têm mudado muito ao longo dos anos. Se nos anos 70 a saúde feminina restringia-se apenas aos cuidados com a gravidez e do feto, os anos 80 foi marcado pela atenção a infecções sexualmente transmissíveis como o HIV, rastreamento e prevenção de cânceres ginecológicos e os efeitos de métodos contraceptivos.

Junto à busca por antecipação feminina e o Movimento Sanitário Brasileiro, no ano de 1983, o governo criou o Programa de Assistência Social da Saúde da Mulher.

Atualmente, o bem-estar feminino é visto muito além das questões sexuais e reprodutivas, levando em consideração questões socioculturais como acesso ao atendimento de qualidade e a desigualdade de gênero.

Cuidados com a saúde do corpo

Os procedimentos ginecológicos são os que recebem maior atenção do público feminino, porém a doença que mais mata as mulheres brasileiras são doenças cardiovasculares, atingindo metade da população feminina. Com o senso comum nos fazendo acreditar que a doença acomete majoritariamente os homens, são poucas as mulheres que procuram um médico para realizar rastreamento de doenças cardiovasculares e check up cardiológico quando indicado.

Por outro lado, exames ginecológicos para detectar precocemente câncer de mama ou do colo do útero recebem mais atenção, mas ainda está longe do ideal. Segundo dados da última Pesquisa de Saúde realizada pelo IBGE no ano de 2013, o número de brasileiras que realizou o exame de rastreamento do câncer de mama foi de 60%, enquanto a OMS recomenda que este número seja de no mínimo 70%.

Dentre as regiões com menor número de adesão, estão o norte e o nordeste, enquanto as mulheres do sudeste são as que mais realizaram o exame, inclusive ficando acima da média nacional.

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Apesar das mulheres serem as principais usuárias do sistema de saúde, seja ele público ou privado, ainda existem estigmas na realização de alguns acompanhamentos.

O exame do papanicolau, que ajuda no diagnóstico do câncer no colo do útero, foi realizado há mais de 3 anos por 80% das mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos. No entanto, o recomendado é que seja feito anualmente por 2 anos consecutivos, espaçando para a cada 3 anos se resultado normal, segundo o Ministério da Saúde.

O exame é uma maneira de identificar de maneira precoce a patologia e, quanto antes for iniciado o tratamento, maiores são as chances de sucesso. Porém, ainda existe um abismo de desinformações que impedem que a adesão ao procedimento cresça.

Dentre as mulheres entrevistadas pelo IBOPE, 45,6% acreditam que realizar o papanicolau simplesmente não é necessário. Uma parcela de 20,7% afirma que não foram orientadas sobre a importância do exame, enquanto 9,7% afirmam se sentir envergonhadas.

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Cuidados com a saúde da gestante

O Ministério da Saúde recomenda que a gestante realize, no mínimo, seis consultas durante a gravidez. Contudo, o número real no Brasil fica entre um e quatro. Apesar disso, 97,4% das brasileiras afirmam ter realizado acompanhamento médico durante a gravidez.

Em estudo realizado pela Universidade Federal de Pelotas, utilizando dados estatísticos fornecidos pela secretaria de saúde da cidade, levantou alguns fatores para a não realização do acompanhamento médico durante a gravidez. Mulheres que já tiveram filhos ao menos uma vez têm duas vezes menos chance de fazer o pré-natal quando comparadas àquelas que estão grávidas pela primeira vez.

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Outro fator que chama muita atenção é a distância entre a residência da paciente até um posto de atendimento, sendo que quanto maior a distância, menor a adesão ao pré-natal. Dentre as mulheres que fizeram o acompanhamento, 75,2% alegam ter recebido orientação para identificar sinais de risco, 82,4% receberam dicas de amamentação, enquanto 74,9% delas foram orientadas para qual estabelecimento se dirigir na hora do parto.

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Segundo a OMS, a taxa ideal de cesáreas deve ser entre 10% e 15%, sendo que a média mundial é de 18,6%. No Brasil, essa taxa é muito maior, chegando ao impressionante número de 57%. Os estados que apresentam maiores índices de parto vaginal são o nordeste, com 59,8% e o norte, com 55%.

Além disso, a violência obstétrica também é um fantasma que assombra as mulheres durante a gravidez, principalmente aquelas que dependem do sistema público de saúde. Ainda não existam dados ou estudos profundos sobre a ocorrência de casos, porém, em pesquisa realizada pela A Pública no ano de 2010, a proporção era de que uma a cada quatro gestantes sofrem violência obstétrica no Brasil.

Saúde sexual e reprodutiva

Dados da Fiocruz mostram que 91% das mulheres brasileiras iniciam a vida sexual aos 15 anos, dois anos a menos se comparado com suas mães e avós. Sendo assim, ficam sujeitas a adquirir alguma infecção sexualmente transmissível ou gravidez indesejada, tornando a educação sexual cada vez mais necessária.

No Brasil, a incidência de HIV é considerada controlada de acordo com a Organização Mundial da Saúde, atingindo 0,6% da população, sendo que dentro dessa amostragem as mulheres representam 26,17%. Para 80% das mulheres infectadas, a contaminação se deu através de uma relação heterossexual, sendo que a maior faixa de vulnerabilidade é entre 13 e 19 anos.

Segundo especialistas, a melhor forma de prevenção ainda é a camisinha, mas observa-se dentre o grupo de mulheres infectadas que apenas 28% faziam uso de preservativo. De acordo com o relatório “Acabando com a AIDS” realizado pela Organização das Nações Unidas, o número de mulheres que usam preservativo na primeira relação e após 12 meses de relacionamento cai de 64,3% para 17,9%.

De acordo com dados fornecidos pela Fiocruz, cerca de 30% das mulheres que dão a luz alegam que não desejaram a gestação. A estatística levanta a importância do planejamento familiar e a falta de acesso que algumas mulheres têm à métodos contraceptivos.

Segundo 61,1% das mulheres entrevistadas pelo IBGE, elas utilizam métodos contraceptivos para evitar uma gravidez indesejada. Na faixa etária entre 18 e 49 anos, 69,2% das mulheres já engravidaram ao menos uma vez, sendo que a idade média da primeira gestação é de apenas 21 anos.

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O norte e o nordeste são as regiões com maior índice de mulheres que engravidaram ao menos uma vez, com 73,6% e 72,9%, respectivamente. A região que acumula o menor número de mulheres que já engravidaram é o sudeste, com 66,1%.

De acordo com dados do censo do IBGE em 2013, o método mais amplamente utilizado pelas mulheres brasileiras é a pílula anticoncepcional. O segundo mais buscado é o preservativo masculino que, além de prevenir a gestação, também evita a contaminação de doenças sexualmente transmissíveis.

Saúde emocional

Cuidado integral não abrange apenas todos os aspectos do corpo, mas também da mente. Por isso, cuidar da saúde mental é de extrema importância para garantir a saúde feminina, sendo que a incidência de transtornos mentais em mulheres é 1,5 vezes maior em relação aos homens. Pensando nisso, algumas das patologias que mais acometem as mulheres são:

  • Ansiedade;
  • Depressão;
  • Dissociações; 
  • Transtornos alimentares.

Uma das maiores causas incapacitantes é a depressão, que atinge duas vezes mais mulheres do que os homens em uma faixa etária entre 14 a 25 anos. Além disso, a relação de tentativa de suicídio em mulheres está em uma relação de 3 para 1 em comparação aos homens.

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Saúde das relações

Ter um ambiente doméstico saudável também tem impacto direto na saúde das mulheres. Além de agressões físicas, sexuais e psicológicas, mulheres que sofrem violência doméstica estão mais propícias a apresentar problemas como:

  • Depressão;
  • Dores crônicas;
  • Tentativas de suicídio;
  • Uso de álcool e drogas;
  • Complicações reprodutivas.

Segundo pesquisa realizada em 2015 pelo Instituto DATASENADO, 18% das mulheres brasileiras afirmam já ter sofrido algum tipo de violência doméstica. Entre os anos de 2006 e 2013, o número de feminicídios aumentou em 12,5%, vitimando 4,8 mulheres a cada 100 mil habitantes.

Dentre os estados com menor taxa de violência estão Santa Catarina e São Paulo com 3,2 e 2,7 para 100 mil habitantes, respectivamente. Os estados com maiores índices são Alagoas com 7,4, Goiás com 8,4, Mato Grosso com 7 e Roraima com 9,5 mulheres para cada 100 mil habitantes.

Ainda, afetando a saúde mental das mulheres, podemos falar sobre misoginia em ambiente de trabalho que envolvem desigualdade salarial, demissão após licença maternidade e a própria relação entre o trabalho e a maternidade.

Cuidar da saúde feminina exige olhar para aspectos que vão muito além de um consultório médico. É criar uma cultura de equidade social que permite que mulheres tenham acesso à atendimento de qualidade, que possam fazer escolhas sobre o seu próprio corpo e assim alcançar o bem-estar pleno.

Referências

[1] Saúde da Mulher: A construção do cuidado integral

[2] Número especial sobre saúde das mulheres na Região das Américas

[3] Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher

[4] Protocolo de atenção básica: saúde das mulheres

[5] Mulheres brasileiras e gênero nos espaços públicos e privados

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Quem escreve

Luiza Isper Rodrigues Barnabe

Obstetrícia e Ginecologia - CRM-SP 182845

Formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a Dra. Luiza Isper tem especialização em ginecologia e obstetrícia através da residência feita no Hospital das Clínicas, pertencente à Faculdade de Medicina da USP.